Vovó Alice
Parece que ainda ontem fui visitá-la à clínica, naquela que foi a derradeira visita. E no entanto já se passaram 18 anos. Quase duas décadas de vida sem a presença física da pessoa com quem me pareço cada vez mais, dizem.
Começo a esquecer a sua voz e o seu riso e isso deixa-me triste por instantes. Mas logo depois penso em como ela ainda vive em mim: nas papoilas que anunciam a primavera, nos gostos que agora descubro comuns, nos sonhos que ela não realizou, que sem querer se tornaram os meus e que eu realizo. Mais ainda, está viva quando a minha mãe, sua filha, me diz que em gestos e ações eu lhe lembro como ela era.
Pode passar o tempo, posso esquecer algumas particularidades mas não deixo que ela parta da minha vida. Vovó Alice será sempre uma parte de mim.